HINOS DE ABERTURA E DE ENCERRAMENTO DO RITO BRASILEIRO DIRIMINDO CONTROVÉRSIAS

CESAR ROBERTO DANIEL DOURADO
Presidente do Superior Conselho de Cultural do Supremo Conclave do Rito Brasileiro

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Movido pelas dúvidas externadas por Irmãos em alguns grupos constituídos por maçons que discutem sobre o Rito Brasileiro, através do aplicativo WhatsApp, acerca da letra do Hino de Encerramento dos Trabalhos do Rito Brasileiro, questionando-se não haver concordância da letra da música transcrita no Ritual de Aprendiz Maçom(2) com aquela ouvida em uma gravação (canto e órgão), comumente executada pela Harmonia em Loja, tomamos a decisão de elaborar o mais rápido esse possível essa singela Peça de Arquitetura, com intuito de dirimir as dúvidas expressadas por alguns desses Irmãos.

UMA BUSCA NO PASSADO

Desde a Reimplantação Vitoriosa do Rito Brasileiro, em 19 de março de 1968, pelo então Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Sob.'. Ir.'. Álvaro Palmeira, os Rituais do Rito Brasileiro concitam aos Irmãos a adentrar e a se retirar do Templo Maçônico, no antes do início e após o encerramento das suas sessões, cantando o Hino de Abertura e o Hino de Encerramento do Rito Brasileiro.

O Irmão Carlos Simões(3), em seu livro “O RITO BRASILEIRO”, nos esclarece que os nossos  hinos, são adaptações musicais dos Hinos de Abertura e de Encerramento dos Trabalhos, adotados pela Grande Loja do Estado do Pará em suas Oficinas, com letra de autoria do Irmão Octaviano Menezes Bastos (4) e música de d. Rosa Santos, que estão reproduzidos em suas páginas, inclusive com a respectiva partitura musical, e eram cantados pelos  Irmãos do Rito Escocês praticado na referida Potência Maçônica, cujos versos são:

HINO DE ABERTURA

Entremos para o Templo do Direito,
centro de Luz, de Paz, Fraternidade.
Entremos com fervor e com respeito
no Santuário augusto da Amizade.
Com Fé, Perseverança e Sacrifício
a Pedra Bruta vamo desbastar;
Mas antes de cavar paixões ao vício,
a Deus devemos, crentes, invocar
Vinde Grande Arquiteto,
vinde nos Inspirar;
Nossos incertos passos
vinde, vinde guiar

HINO  DE ENCERRAMENTO

É meia-noite, Irmãos, é meia-noite;
A hora do repouso já chegou:
A ferramenta, o malho descansemos;
É meia-noite, o dia já findou.
Em paz nos retiremos confiantes
cada vez mais amando a Real Arte,
o coração levando em esquadria,
pregando a Lei do Bem por toda a parte.
Aos imortais mistérios
juremos Lealdade,
a todos prometamos
Amor, Fraternidade

O Ir.'. Carlos Simões ainda nos informou que “as Oficinas do Rito Brasileiro entoavam os hinos com melodia diferente e modificações no texto”, e com base nessa afirmação, consultamos todos os Rituais de Aprendiz-Maçon, editados à partir de 1968, para conhecer quais as possíveis alterações efetuadas, primeiramente, na letra de seus versos.

OS HINOS DE ABERTURA E DE ENCERRAMENTO DOS TRABALHOS DO RB: 1968 - 1992

Dos Rituais do Rito Brasileiro no Grau de Aprendiz-Maçom que tivemos acesso, nas edições pubicadas nos anos de 1968, 1972, 1977 e a de 1980 constatamos que no corpo desses Rituais, apenas é mencionado, que no inicio e no término das sessões, após a formação do cortejo, o de entrada ou o de saída, todos ingressavam e se retiravam do Templo, cantando o respectivo hino, porém, não encontramos a letra desses hinos publicadas no corpo desses rituais. Contudo, no Manual de Aprendiz Maçom do Rito Brasileiro, editado no ano de 1987, o qual foi publicado em separado do corpo do Ritual de Aprendiz Maçom, do mesmo ano, mas o complementava, estão impressos os Hinos de Abertura e de Encerramento dos Trabalhos do Rito, que eram entoados pelas Oficinas Liturgicas do Rito Brasileiro, citando as autorias: letra do Irmão Octaviano Menezes Bastos, e música do Ir.'. Arlindo Limongi, que abaixo reproduzimos as suas estrofes:

HINO DE ABERTURA

Entremos para o Templo do Direito,
centro de Luz, Amor e Fraternidade.

Entremos com fervor e  com respeito
no Santuário Augusto da Irmande.

Ó Supremo Arquiteto!
Vinde nos Inspirar!
Nossos incertos passos,
vinde, vinde guiar!

Com Fé, Perseverança e Sacrifício,
a Pedra Bruta vamos desbastar.
E antes de cavar prisões ao Vício
a Deus devemos crentes invocar.

Ó Supremo Arquiteto!
Vinde nos Inspirar!
Nossos incertos passos,
vinde, vinde guiar!

HINO DE ENCERRAMENTO

É meia-noite, Irmãos, é meia-noite.
A hora do repouso já chegou.
A ferramenta, o malho descansemos.
É meia-noite, o dia já findou.

Em paz nos retiremos confiantes,
cada vez mais amando a Nobre Arte.
O coração levando em esquadria,
pregando a Lei do Bem por toda a parte.
Aos imortais mistériosjuremos Lealdade,
a todos prometamos
Amor, Fraternidade.

Os versos destacados, em carmim,  em ambos os Hinos, são aqueles cuja letra difere da existente nos versos dos Hinos de Abertura e Encerramento dos Trabalhos, entoados na Grande Loja do Pará.
Reiterando, os Hinos imeditamente acima transcritos, seus versos são aqueles que deveriam ser entoados nas Lojas do Rito Brasileiro, desde quando os Rituais Simbólicos de Aprendiz, Companheiro e Mestre  foram criados e adotados pelo Rito Brasileiro, praticado no Grande Oriente do Brasil, a partir da Reimplantação Vitoriosa do Rito Brasileiro, em 1968, até o ano de 1992.

OS HINOS DE ABERTURA E ENCERRAMENTO DOS TRABALHOS DO RITO BRASILEIRO A PARTIR DE 1992

O ano de 1992, foi quando aconteceu a edição de novos Rituais Simbólicos do Rito e ao consultamos o Ritual de Aprendiz Maçom, editado nesse ano, os Hinos de Abertura e de Encerramento nele publicados, de autoria do Ir.'. Octaviano Menezes Bastos, constatamos que alguns versos sofreram uma harmonização, pelo Ir.'. Wilson Fortunato Dantas. Abaixo, destacamos em carmim, os versos alterados, em ambos os Hinos:
HINO DE ABERTURA

Entremos para o Templo do Direito,
que esparge Luz, Amor e Fraternidade.
Entremos com fervor e  com respeito
No Santuário Augusto da Amizade.

Ó Supremo Arquiteto!
Vinde nos Inspirar!
Nossos incertos passos,
vinde, vinde guiar!

Com Fé, Perseverança e Sacrifício,
a Pedra Bruta vamos desbastar,
mas antes de cavar prisões ao vício
ao nosso Deus devemos invocar.

Ó Supremo Arquiteto etc.

HINO DE ENCERRAMENTO

É meia-noite, Irmãos, é meia-noite.
A hora do repouso já chegou.
A ferramenta, o malho descansemos.
É meia-noite, o dia já findou.
Cobrindo o Templo em paz nos retiremos,
Amando muito mais a Nobre Arte,
o coração pulsando em harmonia,
pregando a Lei do Bem por toda a parte.

Aos imortais mistérios
juremos Lealdade,
a todos prometamos

Amor, Fraternidade.

As estrofes dos Hinos acima, são as mesmas publicadas nos Rituais de Aprendiz-Maçom do Rito Brasileiro, desde 1992, ao menos, até a presente data de publicação desta Peça de Arquitetura.

Justamente essa versão harmonizada, em 1992, dos Hinos de Abertura e de Encerramento dos Trabalhos do Rito Brasileiro está publicada no Livro de autoria do Ir.'. Carlos Simões, que ainda nos brinda com as suas respectivas partituras musicais.

DAS GRAVAÇÕES

Existem duas gravações musicais desses Hinos, que são mais comumentemente executadas pela Harmonia, nas Lojas do Rito Brasileiro. Uma, mais antiga, com canto acompanhado apenas por piano, e outra um pouco menos antiga, com canto acompanhado por orgão, que infelizmente não conseguimos apurar suas autorias, e de precisar as datas das gravações e outros detalhes de interesse, inclusive para ser inserido na história do Rito Brasileiro.

Os versos cantados nesta última gravação, do Hino de Abertura, estão de pleno acordo com os versos dos Rituais atuais do Rito Brasileiro, mas, na gravação do Hino de Encerramento, os 1º e 2º versos da sua segunda estrofe, diferem daqueles existentes em nossos rituais: no primeiro verso se canta: “Em Paz nos retiremos confiantes”, em vez de: “Cobrindo o Templo em paz nos retiremos”; no segundo verso se canta: “cada vez amando mais a Nobre Arte”, em vez de: “Amando muito mais a Nobre Arte”, indicando que estranhamente a gravação não obedeceu aos versos existentes no Ritual – uma invencionice, ou uma harmonização não oficial.

Tendo como referência os versos dessa gravação do Hino de Abertura, ao  corresponderem, sem qualquer discordância, aos versos existentes em nossos atuais rituais, conclui-se que ela foi realizada a partir do ano de 1992.

CONCLUSÃO

Os Hinos de Abertura e de Encerramento dos Trabalhos do Rito Brasileiro tiveram origem naqueles Hinos de Abertura e de Encerramento dos Trabalhos da Grande Loja do Estado do Pará, com alteração na letra e na melodia. As letras desses Hinos, tanto os da Grande Loja do Estado do Pará, bem como, do  Rito Brasileiro são de autoria  do Ir.'. Octaviano Menezes Bastos.
Os Hinos de Abertura e de Encerramento dos Trabalhos do Rito Brasileiro sofreram, em 1992, harmonização da letra pelo Ir. Wilson Fortunato Dantas, em alguns de seus versos, como destacamos, e devem ser cantados como hoje estão transcritos em nossos atuais rituais.
Finalmente, em relaão a gravação musical dos Hinos, com canto e órgão, a de Abertura dos Tabalhos está de acordo com os versos dos nossos atuais rituais, mas, a de Encerramento dos trabalhos não está, sendo recomendado ela não ser executada pela Harmonia da Loja.
Deixamos de aqui tecer qualquer critica às gravações dos Hinos de Abertura e Encerramento do Rito Brasileiro, com canto e piano, por ser anterior a 1992 e, evidentemente, estarão em discordânca com os versos transcritos nos atuais rituais e, também, recomendamos não mas serem executadas pela Harmonia da Loja.
Torna-se extremamente premente que uma nova gravação dos Hinos seja realizada, e dessa forma, encerrar de uma vez por todas, quaisquer polêmicas como atualmente vem ocorrendo.
Os anos citados no presente trabalho, das diversas edições dos Rituais de Aprendiz-Maçom do Rito Brasileiro, se referem àquelas que tivesmo acesso, podendo exitir alguma edição não consultada, e caso alguma irmão que a possuir ficaríamos grato se nos envisse seus detalhes (Email: dourado2986@gmail.com), para tornar  ainda mais completo esta Peça de Arquitetura, que esperamos, com a sua divulgação, ter dirimido as dúvidas externadas sobre o tema.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BRASIL, Grande Oriente – Ritual de Maçons Antigos Livres e Aceitos: Grau de Aprendiz-Maçom Segundo Sistema do Rito Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Grande Oriente do Brasil, 1968, 164 pp - (Ritual formulado pelo Supremo Conclave do Rito Brasileiro e adotado pelo Grande Oriente do Brasil para as Lojas Simbólicas da Jurisdição, em maio de 1968 E.'. V.'. )
____________________ – Ritual de Maçons Antigos Livres e Aceitos: Grau de Aprendiz-Maçom Segundo Sistema do Rito Brasileiro. Rio de Janeiro: Princeps Gráfica e Editora Ltda, 1972, 169 pp - (Aprovado pelo Supremo Conclave do Rito Brasileiro e adotado pelo Grande Oriente do Brasil para as Lojas Simbólicas da Jurisdição)
____________________ – Ritual de Maçons Antigos Livres e Aceitos: Grau de Aprendiz-Maçom Segundo Sistema do Rito Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Grande Oriente do Brasil, 1977, 169 pp - (Aprovado pelo Supremo Conclave do Rito Brasileiro e adotado pelo Grande Oriente do Brasil para as Lojas Simbólicas da Jurisdição).
____________________ – Ritual de Maçons Antigos Livres e Aceitos: Grau de Aprendiz-Maçom Segundo Sistema do Rito Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Grande Oriente do Brasil, 1980, 169 pp - (Aprovado pelo Supremo Conclave do Rito Brasileiro e adotado pelo Grande Oriente do Brasil para as Lojas Simbólicas da Jurisdição).
____________________ – Ritual de Maçons Antigos Livres e Aceitos: Grau de Aprendiz-Maçom Segundo Sistema do Rito Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Grande Oriente do Brasil, 1972, 169 pp - (Aprovado pelo Supremo Conclave do Rito Brasileiro e adotado pelo Grande Oriente do Brasil para as Lojas Simbólicas da Jurisdição).
____________________ – Ritual de Maçons Antigos Livres e Aceitos: Grau de Aprendiz-Maçom Segundo Sistema do Rito Brasileiro. Brasilia: Ed. Gráfica Grande Oriente do Brasil, 1987, 97 pp - (Aprovado pelo Supremo Conclave do Rito Brasileiro e adotado pelo Grande Oriente do Brasil para as Lojas Simbólicas da Jurisdição).
____________________ – Manual de Aprendiz-Maçom Segundo Sistema do Rito Brasileiro. Brasilia: Ed. Grande Oriente do Brasil, 1987, 67 pp.
____________________ – Ritual de Maçons Antigos Livres e Aceitos: Grau de Aprendiz-Maçom Segundo Sistema do Rito Brasileiro. Brasilia: Ed. Grande Oriente do Brasil, 1992, 112 pp - (Aprovado pelo Supremo Conclave do Brasil do Rito Brasileiro e adotado pelo Grande Oriente do Brasil para as Lojas Simbólicas da Jurisdição).
____________________ – Ritual de Maçons Antigos Livres e Aceitos: Grau de Aprendiz-Maçom Segundo Sistema do Rito Brasileiro. Brasilia: Ed. Grande Oriente do Brasil, 1995, 112 pp. - (Aprovado pelo Supremo Conclave do Brasil do Rito Brasileiro e adotado pelo Grande Oriente do Brasil para as Lojas Simbólicas da Jurisdição)
____________________ – Ritual de Maçons Antigos Livres e Aceitos: Grau de Aprendiz-Maçom do Rito Brasileiro. Rio de Janeiro: Lid Gráfica e Editora, 2002, 211 pp
____________________ – Ritual de Maçons Antigos Livres e Aceitos: Grau de Aprendiz-Maçom do Rito Brasileiro. Rio de Janeiro: Lid Gráfica e Editora, 2003, 211 pp.
____________________ – Ritual 1º Grau - Aprendiz-Maçom:  Rito Brasileiro. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Grande Orient do Brasil, 2009, 352 pp.
____________________ – Ritual 1º Grau - Aprendiz-Maçom: Rito Brasileiro. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Grande Oriente do Brasil, 2009, 352 pp.
____________________ – Ritual 1º Grau - Aprendiz-Maçom: Rito Brasileiro. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Grande Oriente do Brasil, 2009, 352 pp.
____________________ – Música do Hino de Abertura dos Trabalhos do Rito Brasileiro (canto e orgão): acesssado em 08/07/2020, no site da Loja Maçônica Luz no Horizonte nº 2038, ao Or. de Goiânia - GO: http://www.masonic.com.br/musica/abertura.htm , link acesssado em 08/072020.
____________________ – Música do Hino de Encerramento dos Trabalhos do Rito Brasileiro (canto e orgão): acesssado em 08/07/2020, no site da Loja Maçônica Luz no Horizonte nº 2038, ao Or. Goiânia - GO: http://www.masonic.com.br/musica/encerramento.htm , link acessado em 08/07/2020.
SIMÕES, Carlos – O RITO BRASILEIRO. 1ª Edição. São Paulo: Editora “A Gazeta Maçônica, 1999, 327 pp

BRASL, Grande Oriente - RITUAL 1º GRAU – Aprendiz Maçom. Brasília: Editora Grande Oriente do Brasil, 2009 (este ritual sofreu ao menos mais duas reedições, mas manteve como referência, o mesmo ano de 2009, quando da sua primeira edição, à época): pp. 92 e 272

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(1) Solicita-se que ao reproduzir em parte ou no seu total, o texto dessa Peça de Arquitetura, seja citada a sua autoria.
(2) BRASL, Grande Oriente - RITUAL 1º GRAU – Aprendiz Maçom. Brasília: Editora Grande Oriente do Brasil, 2009 (este ritual sofreu ao menos mais duas reedições, mas manteve como referência, o mesmo ano de 2009, quando da sua primeira edição, à época): pp. 92 e 272
(3) SIMÕES, Carlos - O RITO BRASILEIRO. São Paulo: Ed A Gazeta Maçônica, 1999 pp. 123 -125

Abel Tolentino
Loja Maçônica Luz no Horizonte 2038
Goiânia  -  GO  -  Brasil

Atualização 25/04/2022

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