A PRIMEIRA MEDALHA DE MESTRE INSTALADO

JOÃO DIAS

 

Origem do termo Mestre Instalado

Encontramos na literatura maçônica diversos registros a respeito do tema Mestre Instalado, tomando como exemplo, o livro do Irmão José Castellani1 (1); bem assim o excelente Blog do Eminente Irmão Pedro Juk (atual Secretário-Geral de Orientação Ritualística do Grande Oriente do Brasil), onde são obtidas muitas respostas às perguntas de Irmãos que a ele recorrem; acrescentando também os sites: www.freemason.pt e www.masonic.com, por suas relevâncias. Para melhor compreensão do tema, apresentaremos os posicionamentos adotados pelos autores acima citados, examinando alguns trechos de suas obras para, ao final, apresentar o resultado da nossa pesquisa. Começaremos pelo renomado Irmão José Castellani que no livro, "O Mestre Instalado - Considerações Históricas, Administrativas e Ritualísticas", assim explicita:

"Mestre Instalado (M.'. I.'.) é o título dado ao Mestre eleito para o veneralato de uma Loja e submetido à cerimônia de instalação no Trono de Salomão, como símbolo da sabedoria, que deve ter, para dirigir seus Irmãos."

Tal definição dá ensejo ao seguinte raciocínio: o título é aplicável tanto ao Grão-Mestre ou Grão-Mestre Adjunto e ao Venerável Mestre em exercício, quanto ao ex-Grão-Mestre ou ex-Grão-Mestre Adjunto e ao ex-Venerável, os quais se diferenciam dos demais Mestres, em razão de serem possuidores de determinadas prerrogativas (integram a categoria especial honorífica dos Mestres Instalados), especialmente elencadas no artigo 43 do Regulamento Geral da Federação, que reserva um capítulo específico para tratar do assunto.

Na precitada obra, Castellani aduzia que: "o título de Venerável Mestre teve sua origem nos meados do Século XVII, na Inglaterra, numa época em que já havia começado a paulatina transformação da Maçonaria de Ofício (ou "Operativa") em Maçonaria dos Aceitos (ou "Especulativa")." Esclarecendo que, naquele "tempo, entretanto, ainda não existia o grau de Mestre (que só seria introduzido em 1724) e o presidente da Loja era escolhido entre os mais experientes Companheiros, ou era o próprio proprietário, que, como dono da Oficina, era vitalício, no cargo."

Introdução da Cerimônia de Instalação de Venerável no Brasil

O tema já foi enfrentado diversas vezes pelo Eminente Irmão Pedro Juk (2), através seu BLOG, respondendo às indagações formuladas pelos Irmãos. Para fins de ilustração, escolhemos uma das manifestações, que foi publicada em 07/11/2019, onde o articulista apresenta alguns dados que são importantes para nossa pesquisa, razão pela qual faremos o desdobramento da transcrição de sua resposta.

A primeira parte é a concernente às Grandes Lojas Estaduais Brasileiras, tendo o autor assim se manifestado:

"No que diz respeito à Maçonaria Brasileira, esse costume de Instalação é enxerto e apareceu quando da grande cisão que ocorrera no GOB em 1927, ocasião em que apareceriam as Grandes Lojas Estaduais Brasileiras (atualmente CMSB), cuja nova Obediência de então buscaria reconhecimento na Maçonaria dos Estados Unidos da América do Norte, a despeito de que essa Maçonaria também é de origem anglo-saxônica e baseada nos autodenominados "Antigos" ingleses de 1751 (vide a história das duas Grandes Lojas rivais na Inglaterra)."

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"Em busca desse reconhecimento, Mário Marinho Behring, criador das Grandes Lojas Estaduais Brasileiras, acabou trazendo inúmeros costumes estranhos ao REAA, dentre eles o de se instalar o
Venerável Mestre e chamá-lo de Mestre Instalado depois de ter tido ele deixado o Veneralato. Assim a Instalação aportou na Maçonaria brasileira naqueles ritos que desconheciam a instalação."

Na segunda parte da resposta, transcrevemos um trecho que contém uma informação, relativa ao ano em que o Grande Oriente do Brasil começou a utilizar o Ritual de Instalação de Venerável Mestre, sendo essa a posição dominante nas publicações mais atuais (3), in verbis:

"O Grande Oriente do Brasil consegui resistir a essa prática até o ano de 1968 quando Moacyr Arbex Dinamarco, então Grão-Mestre do GOB, encomendou um ritual de Instalação ao Irmão Nicola Aslan, Irmão esse egresso das Grandes Lojas e regularizado no GOB.

Aslan então confeccionou o ritual que lhe fora solicitado e que acabaria sendo adotado no seio do GOB. Inaugurava-se a partir daí também o aparecimento da figura do Mestre Instalado no Grande Oriente do Brasil. Assim a Instalação se tornaria comum nas duas Obediências de então." (grifos nossos)

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(1) O Mestre Instalado - Considerações Históricas, Administrativas e Ritualísticas, pp. 11/13, 1989, 1ª ed., A Gazeta Maçônica.

(2) ESTUDOS: MESTRE INSTALADO (iblanchier3.blogspot.com)

(3) Perguntas e respostas sobre o Mestre Instalado - Maçonaria e Maçon(s) (freemason.pt)

Início do uso da sigla M.'. I.'.

Prosseguindo em nossa coleta de dados, nos deparamos com o site da Loja Luz no Horizonte (4), onde consta uma informação relevante, tendo em conta que a mesma se refere ao marco inicial para a utilização da sigla M.'. I.'. (Mestre Instalado), ou seja, a edição de um ato normativo específico:

"Ainda na gestão de Palmeira, a 11 de junho de 1968, pelo decreto nº. 2.085, era permitido, aos Mestres eleitos para o Veneralato de Loja, o uso da sigla M.'. I.'. (Mestre Instalado) ao mesmo tempo em que era editado o ritual de Instalação, que é próprio do Rito de York e que foi enxertado nos outros ritos, graças a essa iniciativa, pois isso não existia no GOB, até essa data."

Diante dessa narrativa, orientamos as nossas buscas no sentido de saber como e quando foi introduzida, no âmbito do Grande Oriente do Brasil, a Cerimônia de Instalação de Venerável Mestre, com todos os seus consectários.

Compulsando o livreto intitulado "UMA CAMINHADA NO TEMPO (Curriculum vitae - com várias datas memorizadas - 1983)", escrito pelo Irmão Álvaro Palmeira (o qual nos chegou às mãos através do estimado Irmão Maurício Palmeira Filho, neto do autor), encontramos algumas informações muito elucidativas, as quais não chegaram a ser considerados por muitos pesquisadores.

Dentre outras anotações da citada autobiografia, destacamos algumas que, o então Grão-Mestre Geral do GOB, Álvaro Palmeira, menciona ter introduzido e vulgarizado, na Jurisdição, o Ritual de Mestre Instalado, no ano de 1963. Na sequência, elenca fatos relevantes, tais como: a criação do Seminário de Veneráveis,

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(4) Álvaro Palmeira - Grandes Vultos do Rito Brasileiro (masonic.com.br)

no ano de 1964, no qual lecionou todo o programa, cuja 1ª Conferência - Aula foi realizada na Loja Comércio e Artes. Bem assim a instalação do 2º Seminário de Veneráveis, no ano de 1965, ocasião em que proferiu todas as aulas, para 300 Irmãos inscritos, no Rio de Janeiro.

Avançando um pouco mais, nos deparamos com um registro do notável e
culto historiador maçônico, Irmão Kurt Prober (5), que sempre foi muito afiado e contundente, nos brindou com uma passagem sobre o assunto, que não figura na história da Ordem. Em seu Boletim Noticioso e Novidadeiro - A Bigorna nº 91, escreveu o artigo "QUEM introduziu o "MESTRE INSTALADO" no BRASIL? - Foi o GOB….",
donde extraímos o seguinte excerto:

"Quando o Gr.'. Or.'. do Brasil mandou imprimir em Londres, em 1920, o ritual de YORK, traduzido pelo Ir.'. J. T. W. Sadler, para uso de suas - então - 8 lojas inglesas aqui existentes (menciona os nomes das referidas Lojas).……… além do conhecido (..... mas raro) livrinho PRETO "Cerimonias Exactas da Art Maçônica" - 1920, 182D, foi na mesma
ocasião impresso um livrinho preto, ainda menor (60 x 92 mm), com 43 páginas, com o título: "CERIMONIAS DE INSTALAÇÃO DE VENERÁVEL MESTRE" (Ref: BR-1920,182E), hoje quase desconhecido, e do qual existe o nº 9 em minha biblioteca. Creio que só uns 25 exemplares foram autenticados pelo GOB, com as assinaturas do Gr.'. Secr.'. Ger.'. "A. Albuquerque" e do Gr.'. Secr. do Cap.'. de York, Ir.'. Harry G. Estill." (figura abaixo).


Rito de York - Cerimônias Exatas
Emulação

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(5) A BIGORNA 1988 nº 91 - OUTUBRO (25) - editor ISA CH' AN, pp. 1 e 2 (Kurt Prober)

Continuando, Kurt Prober informa que o Irmão Mário Marinho Behring, não teria hesitado em copiar o já citado RITUAL DE INSTALAÇÃO DE MESTRE DE
YORK do GOB, impresso em 1920 e
aplicando-o, sumaríssimamente, no Rito
Escocês, apenas trocando algumas palavras
e fazendo algumas transposições de trechos,
mas no fim, permanecendo tudo igual. Depois
teria mandado imprimir, pela primeira vez, em
1929, na tipografia "Delta", para a Grande
Loja do Rio de Janeiro (figura abaixo)


Ritual de Instalação de Mestre de York do GOB

A primeira medalha de Mestre Instalado do Brasil

No artigo acima citado, o Irmão Kurt Prober, como era de se esperar, volta suas atenções para o Irmão Álvaro Palmeira, por quem não nutria qualquer espécie de simpatia, assim relatando:

"……. ao transformar sua Dissidência Grande Loja do Brasil em Grande Oriente Unido, em 1948, também REINVENTOU ou redescobriu o ritual de "Mestre Instalado" do GOB de 1920, que aparentemente não chegou a imprimir, pois usava no duro …. o "ritualzinho" de YORK do GOB, ao INSTALAR "capciosamente" o Gr.'. M.'., o Ir.'. Cyro Werneck de Souza e Silva, em 26.06.1954, história que já contei na BIGORNA nº 35, transcrevendo o Diploma existente em meus arquivos "implacáveis", e ainda fez mais, "anexou" uma medalha desenhada pelo falecido Ir.'. Vulcano, e assim criando a PRIMEIRA MEDALHA DE MESTRE INSTALADO DO BRASIL." (grifos nossos)

Prober enfatiza que, após sua volta aos Quadros do Grande Oriente do Brasil (6), Palmeira muito pressionou, sem êxito, para impor a instalação generalizada para todos os ritos. Para atingir os fins colimados, ele mesmo fez os preparativos, enquanto era Grão Mestre Geral (1963/1968), procedendo da seguinte forma:

"Como 'preparativo', ele criou o 1º e o 2º Seminário de Mestres Maçons, de 1964 e 1966, e finalmente, em julho de 1967, sob o seu malhete organizou a primeira INSTALAÇÃO DE VVEN.'. no Templo 2 do Palácio do Lavradio, instalando …. os VVen.'. eleitos e os "antigos" ex-VVen.'. que quisessem participar. Foi uma cerimônia sem expressão, à moda "carneirada" com centenas de VVen.'. assistindo a transmissão da palavra "G" …, mas sem sequer a ouvindo. Fui testemunha ocular, pois servi de COBRIDOR. (sic)

Só depois desta instalação é que o GOB, mandou imprimir, pela primeira vez o RITUAL DE INSTALAÇÃO DE VENERÁVEL (Ref: 1968, 192), copiando praticamente todo Ritual de 1929, impresso por Behring, assim poupando o seu próprio intelecto."

Prosseguimos nas pesquisas, desta feita, em busca do outro artigo, escrito pelo Irmão Kurt Prober (7), que lança luz sobre outra evidência. No artigo d' A BIGORNA 1985 nº 35 - MAIO (15), Prober descreve o inteiro teor de um Diploma de Mestre Instalado, datado de 26 de junho de 1954, que fora conferido ao Irmão Cyro Werneck, então Grão-Mestre Geral do GOB, eleito naquele ano.

O citado autor considerava o fato como uma "heresia", tendo em conta que o diploma havia sido expedido pelo então Grande Oriente Unido (1948-1956)8, que era considerado como Potência Irregular, o qual, à época, era presidido por Álvaro Palmeira. Constava no Diploma que integraram a Comissão Instaladora, os Irmãos Antônio Tarcilio de Araújo Proença e Ariovaldo Vulcano; além de Abelardo A. Albuquerque, como Orador; Djar Mendes Ferreira, como Secretário e José Benedito de Oliveira Bomfim, como Chanceler.

Por sua vez, o notável Irmão Joaquim da Silva Pires9, em seu livro
"Rituais Maçônicos Brasileiros", corrobora parte da narrativa do Irmão Kurt Prober, assinalando que:

".... o Ritual de Mestre Instalado atribuído ao Irm.'. Mário Marinho de Carvalho Behring foi copiado (sim, copiado) à luz da tradução em português, aprovada e confirmada pelo então Grande
Capítulo do Rito de York, sob os auspícios do Grande Oriente do Brasil.

O original inglês é de 1827. A referida tradução, sob os auspícios do Grande Oriente do Brasil (repita-se) é de 1920. A cópia feita pelo Irm.'. Mário Marinho de Carvalho Behring foi impressa em 1929, como ficou esclarecido." (grifos do autor)

Pires, enfatiza que o original inglês e a sua tradução são pertinentes apenas ao Rito de York e não elogia Behring pela introdução da Cerimônia de Instalação de Venerável Mestre no Rito Escocês Antigo e Aceito. Acrescenta que, quatro décadas depois, o Grande Oriente do Brasil fez pior. Não só adotou a referida Cerimônia, como esparramou-se para outros Ritos.

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(6) Álvaro Palmeira - Grandes Vultos do Rito Brasileiro (masonic.com.br)

A Cerimônia de Instalação no Grande Oriente Unido

Cerimônia de Instalação no Grande Oriente Unido

Interessante consignar que o então Grande Oriente Unido, posteriormente, chegou a realizar a referida Cerimônia, conforme consta na Prancha datada de 7 de junho de 1956 (figura abaixo), onde o então Gr.'. Sec.'. Geral do GOU, Irmão Abelardo A. Albuquerque, se dirigia aos Veneráveis Mestres daquela Potência, comunicando que seria realizada a Sessão Magna de Instalação e Posse de Veneráveis, no dia 23 de junho, às 20 horas, no Templo Azul do Grande Oriente Unido.

No referido expediente encontramos a explicação do significado da Sessão, que se constituiria na investidura litúrgica,diferente da posse administrativa, com novos conhecimentos, conferindo uma espécie de dignidade maçônica, concorrendo, cada vez mais, para o aprimoramento do trabalho maçônico do Grande Oriente Unido.

Foi consignado, ainda, que a cerimônia estava franqueada, tanto para os antigos Veneráveis não instalados, quanto para os novos Veneráveis eleitos, os quais receberiam a Medalha e o Diploma de sua investidura. Registrava, ainda, que estariam presentes o Sereníssimo Grão-Mestre Dr. Álvaro Palmeira e o Sob.'. Grande Comendador Major-Brigadeiro Arruda Proença.

Legislação do Grande Oriente do Brasil

Retornando ao Grande Oriente do Brasil, observamos significativa mudança na legislação, a partir da edição da Constituição de 1962 (o Relator Geral foi o então Deputado Federal Álvaro Palmeira), promulgada pelo Decreto nº 1907, de 17 de junho daquele ano, época em que era Grão-Mestre Geral, o Irmão Cyro Werneck de Souza e Silva. No seu artigo 18, restou consignada uma nova exigência, para o preenchimento do cargo de Venerável, bem assim foi estabelecida uma obrigação para o então Departamento de Propaganda Maçônica e de Cultura, no seu artigo 98, inciso V, a saber:

"Art. 18 - Os cargos de administração de Loja são exercidos por um biênio, impedida a reeleição, exigindo-se, para o cargo de Venerável, a plenitude dos direitos maçônicos há mais de três anos, bem com a aprovação nos cursos do respectivo Seminário, desde que instalados.

Parágrafo Único - Aos ex-Veneráveis, candidatos a nova eleição, não são exigíveis os referidos cursos.

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Art. 98 - Compete ao Departamento:
I - ………………………………………
………………………………………….
V - manter cursos de matéria maçônica, inclusive o Seminário de Veneráveis"

0 recém-eleito Grão-Mestre Geral Álvaro Palmeira (1963-1968), experiente educador, deixa impressa a sua marcante influência, que restou evidenciada na preocupação no preparo intelectual dos futuros administradores de Lojas da Jurisdição. A sucessiva edição de atos normativos, voltados para essa finalidade, permite essa inferência, senão vejamos:

Através do Ato nº 2724, de 13 de julho de 1964, instalou no Poder Central o Seminário de Veneráveis, com respaldo no artigo 98, inciso V, da Constituição de 1962.

Com suporte na então Constituição vigente, a medalha de Mestre Instalado passa a ter previsão legal, com o advento da Lei nº 30, de 12 de setembro de 1964, "que estabelece as normas do Regimento de Recompensas", no artigo 23, com a seguinte redação:

"Art. 23 - Ficam instituídas as medalhas comemorativas das cerimônias de Adoção de Lowtons, de confirmação de casamento, comemoração de bodas de prata e de ouro e instalação de Venerável, cuja cunhagem é privativa do Grande Oriente do Brasil - Poder Central.

§ 1º - As medalhas respectivas serão cunhadas com os metais abaixo relacionados:
a - ……………………..;
…………………………;
c - instalação de Venerável - bronze;

Logo em seguida, foi editado o Decreto nº 1972, em 30 de novembro de 1964, aprovando "a instituição de medalha comemorativa" do 1º Seminário de Veneráveis, que foi realizado no Poder Central, durante o 2º semestre de 1964. Tendo sido cunhadas 300 medalhas, destinadas a galardoar os M.'. M.'. que fizeram juz pela frequência que tiveram.

Temos a publicação do Decreto nº 2046, em 14 de julho de 1967, que autorizava a "instituição da medalha comemorativa do Seminário Geral de Mestres Maçons de 1966/67". A cunhagem das medalhas foi limitada a 2.200, em bronze.

Uma nova Constituição foi promulgada, através do Decreto nº 2053, de 22 de agosto de 1967, durante o mandato do Irmão Álvaro Palmeira, então Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil. E, trazendo algumas alterações notáveis: seja a referente à possibilidade de reeleição; seja a manutenção do requisito de aprovação em cursos regulares ou seminários, para a ocupação do cargo de Venerável, conforme o disposto no artigo 23:

"Art. 23 - Os cargos de Administração de Lojas são exercidos por um biênio, admitida uma reeleição apenas, exigindo-se para o cargo de Venerável a aprovação em cursos regulares ou
seminários, organizados pelo Grande Oriente do Brasil ou pelos Grandes Orientes Estaduais, inclusive por correspondência.

§ 1º - Em circunstâncias especiais, pode ser elidida esta exigência, por ato do Grão-Mestre Geral da Ordem ou do Grão-Mestre Estadual.

§ 2º - São dispensados das exigências deste artigo os ex-Veneráveis."

Impende salientar que, inexplicavelmente, nas Constituições seguintes não mais figurou a exigência da realização de cursos regulares ou de seminários, como pré-requisito para ocupação do cargo de Venerável. Já findando o seu mandato, Álvaro Palmeira editou o Decreto nº. 2.085, de 11 de junho de 1968, estabelecendo que o Mestre Maçom, que tivesse recebido a instrução esotérica de Mestre Instalado, por ter sido eleito Venerável de Loja Simbólica, ou exercido por eleição esse cargo, teria o direito de usar da sigla M.'. I.'., após o respectivo nome (salientando que fora obtida a manifestação unânime do Conselho Federal da Ordem).

Lembrando que, atualmente, se encontra em vigor a Lei nº 088, de 21 de setembro de 2006, "que altera o Regimento de Recompensas e dá outras providências", cujo artigo 26, § 1º, alínea "c", reproduz o artigo 23 da Lei nº 30, de 12 de setembro de 1964.


CONCLUSÃO:

De tudo o que acima foi exposto, bem assim louvado nas informações amealhadas nos artigos dos insignes Irmãos Kurt Prober e Joaquim da Silva Pires, sem a intenção de fazer qualquer espécie de rejulgamento dos fatos, temos o seguinte:

a) originariamente, a Cerimônia de Instalação de Venerável Mestre era pertinente apenas ao Rito de York;

b) segundo as fontes acimas mencionadas, os rituais traduzidos em 1920, teriam sido copiados e impressos em 1929, para serem utilizados nos primeiros Rituais das nascentes Grandes Lojas Maçônicas Estaduais (do Estado de São Paulo, da Bahia e do Rio de Janeiro), onde teria ocorrido a introdução da Cerimônia de Instalação de Venerável Mestre no Rito Escocês Antigo e Aceito;

c) Tempos depois, o Grande Oriente Unido (1948-1956), Potência maçônica criada pelo Irmão Álvaro Palmeira e outros, dissidentes do Grande Oriente do Brasil, também passou a realizar a Cerimônia de Instalação de Venerável Mestre, inclusive, concedendo Diploma e Medalha, aos Veneráveis eleitos e aos ex-Veneráveis, utilizando o mesmo Ritual copiado;

d) naquela década, um Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil (Irmão Cyro Werneck de Souza e Silva - 1955-1963) teria sido submetido à Cerimônia de Instalação, ao qual foi conferido o Diploma e a PRIMEIRA MEDALHA DE MESTRE INSTALADO DO BRASIL (conforme informação do Irmão Kurt Prober), medalha que teria sido desenhada pelo Irmão Ariovaldo Vulcano (a cerimônia foi realizada por integrantes do Grande Oriente Unido, à época ainda não incorporado no GOB);

Desde o seu retorno aos Quadros do Grande Oriente do Brasil (dezembro de 1956), o Irmão Álvaro Palmeira, seja exercendo o mandato de Deputado Federal ou, mais tarde, no cargo de Grão-Mestre Geral, se empenhou fortemente para a inclusão de dispositivos nas Constituições de 1962 e 1967, e na edição de atos normativos, tendentes à qualificação e aperfeiçoamento dos Irmãos, com o estabelecimento de exigência da participação em Cursos e Seminários de Mestres Maçons, como pré-requisitos para a ocupação do cargo de Venerável Mestre. Em suas memórias, ele afirmava que havia ajudado a "introduzir e vulgarizar", na Jurisdição o Ritual de Mestre Instalado.

Por via de consequência, sem ter a pretensão de negar o mérito da publicação do Ritual de Instalação elaborado pelo Irmão Nicola Aslan, no início da administração do Grão-Mestre Moacyr Arbex Dinamarco, entendemos que não mais devemos continuar fechando os olhos ante o protagonismo do Irmão Álvaro Palmeira que, anteriormente, em duas oportunidades distintas, adotou medidas tendentes a instrumentalizar a inclusão da Cerimônia de Instalação de Venerável, incluindo no procedimento a concessão da Medalha e do Diploma da investidura.

A primeira ocasião foi quando esteve à frente do Grande Oriente Unido (Potência de curta existência), lá implantando a referida Cerimônia, conforme faz certo a cópia da figura 3, documentação que pode ser encontrada no acervo de algumas Lojas, que melhor preservaram seus arquivos.

Já a segunda ocasião, foi quando empunhou o Primeiro Malhete do Grande Oriente do Brasil (1963-1968). Naquela oportunidade, revelando todo seu pendor de educador, instituindo e regulamentando os denominados Cursos e Seminários, direcionados ao Mestres Maçons, que haviam sido ou seriam dirigentes de Lojas (contando com a participação de Irmãos das antigas Grandes Lojas do Estado da Guanabara e do Estado do Estado do Rio).

Em seu desiderato, procedeu a alteração legislativa do Grande Oriente do Brasil, através da edição de Leis e Decretos, estabelecendo os currículos mínimos, com a finalidade precípua de desenvolver a cultura maçônica, como pré-requisito para o exercício do encargo de primeira Dignidade da Loja. Eram elencadas como disciplinas principais, a História, Legislação, Simbologia, Filosofia e Doutrina da Ordem. Complementando com a instituição de Medalha comemorativa e expedição de Diploma da investidura. Fatos notórios, que estão disponíveis nos Boletins da época.

Na atualidade, tais cursos ou seminários, deixaram de ser obrigatórios, bem assim deixaram de ser pré-requisitos para o desempenho das funções de primeira dignidade da Loja (a quem compete orientar e programar os trabalhos e exercer autoridade disciplinar sobre os membros do Quadro), tendo em conta que, os referidos não mais foram previstos, a partir do ano de 1975, face a edição de nova Constituição do Grande Oriente do Brasil, que foi promulgada pelo Decreto nº 2.424, de 16 de abril do mesmo ano.

A matéria passou a ser disciplinada pelo Regulamento Geral da Federação, preceituando que o Mestre Maçom que passar pelo Cerimonial de Instalação, automaticamente, vai integrar uma categoria especial honorífica, fazendo jus às prerrogativas elencadas no seu artigo 43. Após as devidas comunicações e registro, então é procedida a expedição de Diploma, Medalha e Ritual, de uso exclusivo do Mestre Instalado. Outrossim, o artigo 116 do precitado Regulamento, exaustivamente, descreve as atribuições administrativas do Venerável Mestre.

Finalizando, agradeço o auxílio prestado pelos Irmãos João Bosco Laviola, M.'. I'., da ARLS União Ordem e Progresso nº 1229; César Santos, M.'. I.'., da ARLS Monte Castelo e Eduardo Gomes de Souza, Grão-Mestre Estadual Honorário do GOB-RJ e M.'. I.'., da ARLS Deus e Universo nº 1653, em especial ao estimado Irmão Maurício Palmeira Filho, que forneceram material e sugestões para a elaboração da presente pesquisa.

Bibliografia

Anais da V Convenção Nacional do Rito Brasileiro, Campinas, SP, Gráfica N.S. Aparecida Ltda., 1986
A BIGORNA 1985 nº 35 - MAIO (15) - editor ISA CH' AN, pp. 1 e 2 (Kurt Prober)
A BIGORNA 1988 nº 91 - OUTUBRO (25) - editor ISA CH' AN, pp. 1 e 2 (Kurt Prober)
Boletins do GOB
Castellani, José. O Mestre Instalado: Considerações Históricas, Administrativas e Ritualísticas, 1ª ed., São Paulo, A Gazeta Maçônica, 1989.
Castellani, José. Carvalho, Willian Almeida de. História do Grande Oriente do Brasil: A Maçonaria na História do Brasil, São Paulo, Madras Editora Ltda, 2009.

Pires, Joaquim da Silva. Rituais Maçônicos Brasileiro, 1ª ed., Londrina - PR, Editora Maçônica "A TROLHA LTDA", 1996.

Constituição do GOB 1962
Constituição do GOB 1967
Constituição do GOB - atualizada até a EC nº 44, de 25/03/2024
Sites consultados:
ESTUDOS: MESTRE INSTALADO (iblanchier3.blogspot.com)
Perguntas e respostas sobre o Mestre Instalado - Maçonaria e Maçon(s)
(freemason.pt)
Álvaro Palmeira - Grande Vultos do Rito Brasileiro (masonic.com.br)
Perguntas e respostas sobre o Mestre Instalado - Maçonaria e Maçon(s) (freemason.pt)

JOÃO DIAS, M.'. I.'. CIM 229.228
ARLS União, Ordem e Progresso nº 1229
Grande Oriente do Brasil no Rio de Janeiro

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Abel Tolentino
WebMaster
Loja Maçônica Luz no Horizonte 2038
Goiânia   -   GO   -   Brasil

Atualização 24/10/2024

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